quarta-feira, 3 de setembro de 2008

É o último, prometo!

[sob pena de nunca mais ninguém cá voltar... e só porque já estava prometido]
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ART.135 – Dos suspiros

A causa dos suspiros é muito diferente da das lágrimas, embora, como estas, pressuponham a tristeza. Efectivamente, ao passo que se é levado a chorar quando os pulmões estão cheios de sangue, é-se levado a suspirar quando estão quase vazios e quando qualquer prenúncio de esperança ou de alegria abre o orifício da artéria venosa, que a tristeza tinha contraído: porque então o pouco sangue que resta nos pulmões, caindo de repente no lado esquerdo do coração por essa artéria venosa, impelido pelo desejo de alcançar essa alegria, desejo que agita ao mesmo tempo todos os músculos do diafragma e do peito, faz com que o ar seja impelido pela boca para os pulmões, onde vai ocupar o lugar deixado por esse sangue. E é isto que se chama suspirar.
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(in As Paixões da Alma, Descartes)
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Continuo maravilhada com estas descrições :)

7 comentários:

Ana disse...

:D
são uma delícia estas descrições.

e os suspiros?! gosto tanto de suspiros (e não, não estou a falar daqueles que se comem;))*

Anónimo disse...

Que giro!
Mas olha que há estudantes que ainda eram capaz de explicar a dinâmica sanguínea de forma bem parecida, eram, eram!

Anónimo disse...

Concordo com a Ana, são mesmo uma delícia.

Isto consegue ser inspirador:
quando qualquer prenúncio de esperança ou de alegria abre o orifício da artéria venosa, que a tristeza tinha contraído

eva disse...

Está muito bom!
Realmente :)
É que nunca tinha pensado nisso... limitava-me a suspirá-los. Agora que já sei... hum... acho que o vou continuar a fazer :P
E obrigada... e podes continuar que eu não deixo de vir cá ;)

Ti disse...

Pelos vistos há esperança em cada suspiro :)

Mim disse...

Que maravilha! :)
Pelo menos agora já não me sinto tão mal por suspirar 17593 vezes por dia... :s

S. C. R. disse...

Nunca tinha parado para pensar nisto. E realmente fiquei fascinada.

Gostei muito. É filosofia...
Muito bom mesmo.