quinta-feira, 31 de julho de 2008

Dúvida

Tanto que se fala de cheiros por aqui...


Neste, naquele e até no 1º post...
Numa pergunta, num desabafo ou até mesmo num comentário....


Mas, afinal, a que cheira este blogue de cheiros?

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Note to self...

O primeiro grande amor da minha vida tinha, entre tantas outras coisas que ainda hoje me fazem tremer (não fossem o seu pequeno desequilíbrio emocional e ataques de ciumeira vários), um cheiro e uma boca que nunca poderei esquecer...
E por que razão?!  Tsss tsss tsss... Porque não me deixam!
3740 dias e noites vieram sobre a noite que durou o tempo de todas as noites.


[Dias sem a tua voz.
Sem os teus bilhetes.
Sem os nossos passos.

Noites sem o teu perfume.
Sem os teus beijos.
Sem o teu regaço.]



E, por fim,

da ausência fez-se encontro
do silêncio fez-se abraço

e do beijo fez-se laço.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Depois do abraço...

As bocas encontraram-se depois do abraço. Com calma... sentindo-se, sem beijos.

Outro abraço...

- Sabes que isto não vai mudar nada, não sabes? – sussurra ela.

- Ja sei...

E com a clareza das coisas que não são... e depois de segundos eternos em que os lábios se tocavam... beijaram-se. Como se se tivessem beijado toda a vida. Como se fossem velhos conhecidos... porque beijos assim desconhecem diferenças linguísticas.

Com calma, como quem explora até onde pode ir, mas com a adrenalina da primeira vez.

Diálogos (im)possíveis #2



- O que é isso que trazes no dedo?
- É teu... é um anelzito daqueles que tu tinhas quando eras mais nova... daquele conjunto de sete que tu abriste, lembras-te?
- Sim... mas esse brilha mais do que os outros...
- Achas?
- Tenho a certeza. Esse não pertence ao conjunto dos sete.
- Não?!
- Não. E, a partir de hoje, não voltas a usá-lo.


[Não questionou. E ainda bem.]

Há coisas no fundo das gavetas de outras casas, que por mais enterradas que estejam, não deixam de ser só nossas.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Sabrinas pretas


Ele é daquele tipo de pessoas que se lembra de tudo. Que aponta tudo. Que guarda tudo.

Ele é daquele tipo de pessoas que, 5 ou 6 anos depois, descreve com uma precisão assustadora aquilo que vestias no dia em que se conheceram.

Ele é daquele tipo de pessoas que reproduz, integralmente, uma conversa que tiveste com ele.

Ele é assim.


Veio o dia em que se sentaram, lado a lado, a conversar. Falaram de tudo e de nada. Ela leu-lhe em voz alta. Ambos tremeram.

"Ela sabe que não se consegue precisar o momento, a hora, o dia em que uma pessoa fica apaixonada. Sempre um pouco antes, sempre um pouco depois. Ela sabe que não se pode revelar definitivamente como, e porquê, uma pessoa ficou apaixonada por esta pessoa, precisamente esta, e não por outra muito parecida com ela. Qualquer razão perde a razão. O que uma pessoa pode sentir é se está ou não apaixonada. Que houve um estreito abismo, sem saber quando nem como, sobre o qual sabe que saltou. Sem poder avaliar as consequências. Como uma doença. Não é só isso. Uma pessoa quando está apaixonada não está continuamente apaixonada, muito menos com a mesma intensidade. Varia muito. Acontece uma pessoa duvidar se está ou não apaixonada. Ficar totalmente baralhada. É mais fácil uma pessoa sentir a paixão por outra pessoa quando ela não está presente. Isso parece-lhe um facto. A sua ausência aumenta o poder da sua presença. A paixão é mais sua, mais inteira, há menos interferências. Com ela é assim. Sente um vazio que só o outro, único no mundo todo, vai poder preencher, sarar, cuidar. Uma espécie de saudade imperiosa. Uma questão de vida ou de morte."

(in Rosa Vermelha em Quarto Escuro, Pedro Paixão)


No dia seguinte, ele não se lembrava do que ela calçara no dia anterior.

E a mão dela, aflita, ainda a sentia na perna.



Do (meu) fim-de-semana...




(DAVID HOLMES, Gone - remixed by Kruder & Dorfmeister)

sábado, 26 de julho de 2008

Provérbio actualizado #2

Esperar sem saber é uma grande virtude.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Do fim-de-semana...

Amy Whinehouse, Just Friends (live)

[ Ganda maluca :) ]

Diálogos (im)possíveis #1

- Pára! Diz-me o que queres...
- Sei lá o que quero...
- Diz-me. O que queres?
- Espera lá... quão profunda é essa questão?
- Não sei...
- ...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Patinando pelo mundo...

Ela pode amar com muita intensidade, mas não se entrega totalmente a ninguém.
Hoje, na viagem para o trabalho, recapitulei a minha vida: revi(vi) pessoas, lugares e momentos.


Nos últimos 10/12 anos morri tantos bocadinhos que, já ao estacionar, procurei no pescoço o pulso para me assegurar que o coração ainda batia.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Do fim-de-semana...

Asas

Foi na viagem de regresso a casa. Vínhamos do teu último tratamento.
Tu, sentado no lugar do pendura do teu próprio carro, desabafaste:
-Quando um gajo finalmente se apercebe de toda a merda que fez na vida nem tempo tem de se arrepender...
Aquelas palavras caíram-me em cima como tijolos lançados de um 6º andar.
[ainda tenho as marcas]
Apressei-me a tecer considerações sobre a vida, os arrependimentos, o tempo e o que fazemos dele. Fiz uso de frases de outros, chavões e pensamentos mais que batidos. Tentei ser convincente e tentei convencer-me.
Não acreditei numa palavra do que disse, tão embrulhada que estava na minha frustração que só a tua a superava.
[Estavas certo, pá. Pela primeira vez, estavas certo]
Senti raiva, senti medo, desesperei.
(...)
O telefonema chegou pouco antes do sol. Tinha o telemóvel no peito. Peguei nele. Começou, silenciosamente, a tocar.Inspirei. Inspirei muito fundo antes de atender.
- 'tou....
- Morreu... (a voz, embargadíssima por horas de choro)
- ...como um passarinho (acrescentou)
Não me saiu nada. Chorei muito. De alívio.
[Bateste asas, no dia do teu aniversário, sob o olhar atento daqueles dois que também te viram nascer]
Como um passarinho, disse o teu Pai.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Suspenso...

A que cheira o fim evitado de um abraço que se prolonga pelo perigo que tem... pelo medo daqueles segundos de proximidade entre as caras que se encontram ao afastar?

quinta-feira, 10 de julho de 2008

"So you run, and you run to catch up with the sun, but its sinking
Racing around to come up behind you again
The sun is the same in the relative way, but you're older
Shorter of breath and one day closer to death..."
(Time - Pink Floyd)


No regresso a casa uma vida inteira ocupou-lhe o pensamento...
E ao abrir a porta, o coração, esse, trazia-o nas mãos.

Plano B

Um elevador.
Um plano B (sem que houvesse um C).

Uma descida de 2 andares.
[O 1º que já passou]

O desejo.
A coragem e a falta dela.
O (quase) pânico.


O beijo. Deu-lho ela.
[Qts segundos?]

Quente. Húmido. Amoras.
[que confusão...]


O rés-do-chão. Os sorrisos.


Naquele momento teriam, os dois, não mais de 15 anos....
"Sabes-me bem", disse ela...

terça-feira, 8 de julho de 2008

Memória em mim

Ele inspira sobre o meu ombro.

Profundo.... Quente...

E mesmo assim, o mundo congela por momentos... juro que sim... a imagem que eu processava nesse exacto segundo fica marcada com uma nitidez surpreendente... tudo o resto pára. Como uma extrassístole que se aproveita de um momento de distracção.

Pausa...

Expectativa!

Processamento.

E...

... e de repente o mundo gira, o coração bombeia de novo. Nada é igual... (merda! dou conta que durante o tempo em que só ele respirava também eu o inspirei por dentro.) E faço dele memória.

Sempre fui uma pessoa de cheiros. As memórias que tenho estão cheias de aromas que me ajudam a recordar. Outras guardadas cá dentro esperam por um cheiro que as desperte. E irrompem, apesar de mim.

Ele não sabia disso. Talvez não saiba. Mas, como qualquer admirador da alquimia da cozinha, dá à sensação o lugar merecido.

Sem nunca o saber invadiu-me... e eu levo-o, como memória, no meu corpo... no meu próprio cheiro.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Amoras

"sweet oh luscious life
celebrate your dreams when you are away
doesn't it taste so sweet
like it's growing on oh growing on the trees



was wondering of the day to celebrate

to let it be

to feel so free

when you and me in a sweet luscious life

for a minute of the day

you taste so sweet "
(Patrick watson)


E nesse dia, em que o plano A falhou, ela tinha um plano B.

terça-feira, 1 de julho de 2008

What once was...

If I don’t even like you… why do I have this urge to be close to you from time to time… wanting you to invade my space without showing who I am… to whisper you things you’ll never understand…? And this happens in tides that come and go, ever since I met you… sitting there, watching us all… It happens with the same clarity as knowing that it won’t take us anywhere. And even so, it keeps happening…

Months can go by without thinking in any of this. Then a rebellion comes… and I want to play this game we play. It plays us. And I don’t care…

I hate you for so many things… and I hate not being able to hate you! I hate what it feels like the day after I see you… all the mess I have to clean inside. All the butterflies that come out once more.

I just need to know that, no matter what, the little daisies will always be mine… that I will remain mysteriously special within you… that we’ll always have our gardens and our castles for one sunny afternoon.

Yes, it happens with the same clarity as knowing that it won’t take us anywhere. And still I wonder if, in our own parallel world, you’ll come along. Come.