Ele inspira sobre o meu ombro.
Profundo.... Quente...
E mesmo assim, o mundo congela por momentos... juro que sim... a imagem que eu processava nesse exacto segundo fica marcada com uma nitidez surpreendente... tudo o resto pára. Como uma extrassístole que se aproveita de um momento de distracção.
Pausa...
Expectativa!
Processamento.
E...
... e de repente o mundo gira, o coração bombeia de novo. Nada é igual... (merda! dou conta que durante o tempo em que só ele respirava também eu o inspirei por dentro.) E faço dele memória.
Sempre fui uma pessoa de cheiros. As memórias que tenho estão cheias de aromas que me ajudam a recordar. Outras guardadas cá dentro esperam por um cheiro que as desperte. E irrompem, apesar de mim.
Ele não sabia disso. Talvez não saiba. Mas, como qualquer admirador da alquimia da cozinha, dá à sensação o lugar merecido.
Sem nunca o saber invadiu-me... e eu levo-o, como memória, no meu corpo... no meu próprio cheiro.
1 comentário:
E os cheiros...e as memórias... (*suspiro*)
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