Naquela noite julguei que morria.
O telefonema fizera-me antever o tal desfecho mas acreditei até ao fim (quando é que isso foi?) que podia alterar o rumo das coisas. Sou assim. Sempre fui. E aos 17 anos, mais do que nunca, sabemos que podemos mudar o mundo.
À hora marcada lá estava. Passámos à frente o habitual café e sentámo-nos no mesmo banco de jardim debaixo dos arcos de glicínias. Não. Eu sentei-me, tu ficaste em pé. Fumavas um cigarro, tenho a certeza. Esperaste-lhe o fim para me contar...
Falaste dos beijos e das incertezas.
(as palavras são facas)
Não consegui dizer nada. Passaram-me milhões de discursos e sentimentos pela cabeça. Pela cabeça, pelo fígado e pelo coração. Tentei por mais que uma vez. Nada.
(o cheiro das glícinias não me sai da cabeça)
Acendeste outro cigarro. Esperavas que falasse?
Pedi-te um último abraço. Um "último abraço".
Mostraste-te desagradado com a expressão.
Acedeste.
Choraste comigo.
(fomos sacudindo as pétalas de roxo que nos caíam no corpo)
Do que se passou depois não me lembro.
Sei apenas que estava frio e que não era suposto as flores das glícinias caírem.
E que, nessa noite, que durou o tempo de todas as noites, sangrei.
O telefonema fizera-me antever o tal desfecho mas acreditei até ao fim (quando é que isso foi?) que podia alterar o rumo das coisas. Sou assim. Sempre fui. E aos 17 anos, mais do que nunca, sabemos que podemos mudar o mundo.
À hora marcada lá estava. Passámos à frente o habitual café e sentámo-nos no mesmo banco de jardim debaixo dos arcos de glicínias. Não. Eu sentei-me, tu ficaste em pé. Fumavas um cigarro, tenho a certeza. Esperaste-lhe o fim para me contar...
Falaste dos beijos e das incertezas.
(as palavras são facas)
Não consegui dizer nada. Passaram-me milhões de discursos e sentimentos pela cabeça. Pela cabeça, pelo fígado e pelo coração. Tentei por mais que uma vez. Nada.
(o cheiro das glícinias não me sai da cabeça)
Acendeste outro cigarro. Esperavas que falasse?
Pedi-te um último abraço. Um "último abraço".
Mostraste-te desagradado com a expressão.
Acedeste.
Choraste comigo.
(fomos sacudindo as pétalas de roxo que nos caíam no corpo)
Do que se passou depois não me lembro.
Sei apenas que estava frio e que não era suposto as flores das glícinias caírem.
E que, nessa noite, que durou o tempo de todas as noites, sangrei.
5 comentários:
fico sempre comovida com estes amores :) texto tão bonito Ti, fiquei com pele de galinha e a sentir o cheiro das glicínias... beijo grande
Ouvi-te essa historia tanto e com tal intensidade, que a tenho como parte de mim, numa melancolia daquilo que foi teu.
Como se consegue contar um sentimento.
Mostrar um sentir.
Sem dúvida o post mais sentido até hoje... confesso que o releio vezes sem conta e "sangro" sp da mm forma.
Estou a ler os teus posts mais antigos e dou de caras com este texto formidável!!!!
Muito muito lindo o que escreveste, certamente o oposto no que se refere a senti-lo...
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