.
Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
.
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia
.
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
.
Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
.
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram
.
Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
.
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto.
.
.
(Ary dos Santos, Estrela da tarde)
[e eu não mudava uma vírgula]
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
8 comentários:
:) hmmm *
Então, foi extraordinário! [ * ]
Se assim foi, vale(u) a pena!
É que o sr. Ary é muito grande! Muito grande! *
Gostei =)
*
maravilhoso. ARY..
:))
É liiindo, mas isto anda a dar forte na blogosfera.
Ainda há uns dias outro postou este poema... será da primavera?
Vais ter desafio no meu canto;)
Muito bonito, não conhecia :-)
*
Enviar um comentário